Conflito agrário: reunião discute tensão entre indígenas, polícia e fazendeiros em MS

  • 29/10/2025
(Foto: Reprodução)
Comissão Nacional se reúne com autoridades em segurança do Estado Autoridades federais e estaduais se reuniram, nesta quarta-feira (29), em Campo Grande (MS), para discutir ações de segurança em regiões com conflitos entre indígenas e produtores rurais no sul do estado. O encontro ocorre em meio ao aumento da tensão após confrontos recentes na cidade de Caarapó. A reunião foi realizada na sede da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), com a presença de representantes do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e de órgãos federais. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp Segundo o presidente da Comissão Nacional de Enfrentamento da Violência no Campo, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Leador Machado, o objetivo da reunião foi buscar soluções para reduzir a tensão entre indígenas, fazendeiros e forças de segurança. Ele explicou que, nas últimas operações, o monitoramento foi feito pela Polícia Federal e pela Força Nacional de Segurança Pública, ambas ligadas ao governo federal. A orientação atual é limitar a presença da Polícia Militar, devido ao histórico de conflitos com lideranças Guarani-Kaiowá, e priorizar as forças federais para garantir a segurança de indígenas e produtores rurais. “O que estamos pedindo é uma trégua para podermos voltar a Brasília e dialogar com o Supremo Tribunal Federal e com o governo federal sobre a questão fundiária. Nesta semana, ou no início da próxima, deve ser publicada uma portaria criando um grupo de trabalho com vários ministérios e órgãos federais para buscar uma solução para o conflito de terras no sul de Mato Grosso do Sul", disse Leador Machado. O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse que o diálogo entre os órgãos é essencial para conter a violência. “Nós não podemos permitir que a paz no campo seja afetada. A missão neste momento é pacificar e trazer mais atores responsáveis por esse projeto”, afirmou. Videira destacou que a presença da Polícia Militar na área cumpre determinação judicial e tem o objetivo de prevenir novos confrontos. “As forças de segurança estarão presentes sempre que houver necessidade. Hoje, elas atuam também em cumprimento a uma ordem judicial vigente”, explicou o secretário. Segundo ele, foram registrados crimes contra o meio ambiente, o patrimônio e casos de roubo na região. A Polícia Civil investiga quem são os responsáveis e quem estaria financiando os atos de violência. “Estamos apurando, com o Ministério Público e o Judiciário, quem tem interesse na violência no campo”, disse Videira. Discussões para garantir segurança As medidas fazem parte da resposta à situação em Caarapó, onde, no último sábado (25), indígenas ocuparam uma fazenda e houve confronto com a Polícia Militar. Desde então, o clima é de tensão na região. Na segunda-feira (27), uma comitiva interministerial visitou o município para acompanhar o caso e dialogar com as comunidades. Nesta quarta, representantes do MDA também estiveram em Dourados, na região do Passo Piraju, em encontro com indígenas, produtores rurais e integrantes do Judiciário. Conforme o MDA, as ações buscam construir uma trégua entre os grupos e adotar medidas emergenciais para conter a violência. A Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo anunciou o reforço da Força Nacional na fazenda Ipuitã. Doze agentes chegam ainda hoje e outros oito ao longo da semana, para conter tensões na área de retomada. A Polícia Federal também se colocou à disposição para atuar com a Força Nacional, em substituição temporária à PM e ao Departamento de Operações de Fronteira (DOF). A Força fará o policiamento ostensivo, e a PF ficará de prontidão para emergências. Ainda não há data definida para o início da operação. Reivindicação por terra O local ocupado é uma área de retomada, considerada terra ancestral e em processo de demarcação. O processo específico da Fazenda Ipuitã está parado no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2016. Em 2019, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), determinou que o Estado brasileiro adotasse medidas para proteger a vida e a integridade pessoal dos Guarani-Kaiowá da comunidade Guyraroká. Conforme relatório da comissão, em 2009 o governo reconheceu que as terras onde a fazenda está inserida pertencem aos indígenas. Os Guarani-Kaiowá buscam a retomada da área desde 1999. Uso de agrotóxicos Além da disputa territorial, os indígenas afirmam que os proprietários da fazenda aplicam agrotóxicos durante o plantio. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu investigação para apurar denúncias de uso irregular de produtos químicos na área. Segundo o MPMS, ofícios foram enviados à Polícia Militar Ambiental (PMA), à Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) e à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) para verificar a situação. A investigação ocorre após a retomada da fazenda pelos Guarani-Kaiowá, que também pedem a resolução da demarcação das terras, parada há mais de uma década. Indígenas ocuparam e incendiaram fazenda em Caarapó (MS). PMMS/Reprodução Reuniões em Mato Grosso do Sul buscam reduzir tensão em áreas de conflito indígena. TV Morena Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:

FONTE: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2025/10/29/conflito-agrario-reuniao-discute-tensao-entre-indigenas-policia-e-fazendeiros-em-ms.ghtml


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