Justiça bloqueia R$ 40 milhões de família de pecuaristas suspeita de causar ‘muralha de fogo’ no Pantanal
20/06/2025
(Foto: Reprodução) Há 1 ano, episódio ficou famoso por conta de imagens que mostram festa de São João, em Corumbá (MS) sendo realizadas com chamas ao fundo. De acordo com a investigação do MPF, a família é acusada de ocupar irregularmente terras da União para criação de gado Muralha de fogo dos incêndios no Pantanal contrasta com o Banho de São João
A Justiça Federal bloqueou R$ 40 milhões do pecuarista Carlos Augusto de Borges Martins e de três filhos dele. De acordo com ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), a família foi responsável por provocar um incêndio no Pantanal que ganhou grandes proporções e ficou conhecido como “muralha de fogo”. Veja o vídeo acima.
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Os réus são suspeitos de incendiar vegetação nativa para transformá-la em pastagem para o gado. A decisão, assinada pela juíza federal Sabrina Gressler Borges, impôs uma multa por dano ambiental em uma área próxima à região do Tamengo, conhecida pela grande biodiversidade no Pantanal.
O episódio em específico ocorreu há cerca de um ano. As imagens do incêndio viralizaram nas redes sociais. O registro mostra as festividades do São João de Corumbá sendo realizadas com uma "muralha de fogo” ao fundo. O g1 tentou contato com a defesa da família do suspeito Carlos Augusto de Borges Martins, conhecido na cidade como "Carlinhos Boi".
Fogo para ampliar pastagem de gado
Segundo o MPF, a família ocupou irregularmente áreas públicas da União para a criação de gado. O incêndio, ocorrido no ano passado, teve início em 1º de junho, dentro de uma fazenda ocupada pelos pecuaristas. O MPF argumenta que os pecuaristas são responsáveis pelo fogo, que teria sido provocado com o objetivo de facilitar o manejo do rebanho bovino criado ilegalmente em terras da União.
Laudo utilizado pelo MPF para embasar a decisão judicial indica que a família "anualmente queimam os capins nativos dessa área com o intuito de produzir pastagens novas para o gado de corte que mantêm na área".
A decisão judicial busca não apenas a responsabilização, mas também a proteção imediata do bioma. As medidas impostas pela Justiça incluem:
Proibição de Exploração e Desocupação: Os réus estão proibidos de explorar as áreas em questão, que devem ficar em pousio para regeneração natural. Além disso, devem providenciar a desocupação imediata das áreas e a remoção dos animais às suas próprias custas;
Bloqueio de Cadastros: A Justiça determinou o bloqueio dos cadastros dos réus na Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO/MS) para inviabilizar a expedição de Guias de Trânsito Animal (GTA). Esta medida é considerada preventiva, buscando "afastar a continuidade de práticas irregulares na área sob análise e evitar a obtenção de lucros oriundos de possível posse irregular".
A decisão destaca a importância de uma ação rápida da Justiça, já que os danos ao meio ambiente são irreversíveis e afetam a toda população.
Família foi alvo da PF
Em outubro do ano passado, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra a família de Carlos Augusto de Borges Martins. Durante as buscas, um dos alvos da operação foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e outro conduzido até a delegacia da Polícia Federal.
Segundo a PF, o fogo começou em 1º de junho e se estendeu, causando estragos em uma área estimada de 6,5 mil hectares. Ainda de acordo com a polícia, o incêndio na região permaneceu com focos ativos e teve ápice na época da festa de São João, nos dias 21 e 23 de junho.
Imagens de satélites identificaram queimadas em áreas de propriedade da União, em uma Área de Proteção Permanente do Rio Paraguai e em terras devolutas (que são terras públicas geralmente destinadas à preservação ambiental e defesa de fronteiras).
Região atingida por incêndios em Corumbá.
Arte/g1
Muralha de fogo em Corumbá.
Redes sociais/Reprodução
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