Serra do Amolar: incêndio atinge área de difícil acesso e ameaça santuário no Pantanal
29/09/2025
(Foto: Reprodução) Incêndio atinge a Serra do Amolar, em MS
Um incêndio no pico de um morro, a cerca de 800 metros de altura, na Serra do Amolar, em Corumbá (MS), mobilizou equipes para conter as chamas que começaram no domingo (28). Segundo o Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), o fogo está entre a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal e a Bolívia, na Serra do Amolar. Veja o vídeo acima.
O local é de difícil acesso e fica distante cerca de 8 horas de navegação pelo rio Paraguai, partindo de Corumbá, conforme destacou ao g1 o presidente do instituto, Ângelo Rabello.
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“Esperávamos que uma pequena chuva na região nos ajudasse a extinguir, mas lamentavelmente esse fogo começou a aumentar e se alastrou na parte alta do morro”, disse Rabello.
Cerca de 14 brigadistas da brigada Alto Pantanal, do IHP, estão no local para combater as chamas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), disse que o órgão está deslocando um helicóptero até a região e que equipes da brigada da SOS Pantanal também vão atuar no combate.
“Também vamos contar com o apoio de um air track do Corpo de Bombeiros que, a partir da Fazenda Santa Tereza, vai lançar água para que os combatentes façam a extinção. Esse fogo continua confinado em uma pequena área e acreditamos que, no desenrolar dessa semana ele possa ser extinto”, ressalta Márcio Yuli, chefe de Operação do Prevfogo/Ibama.
Primeiro registro
O mês de setembro é considerado crítico para a região onde está inserida a Serra do Amolar, no pantanal de Mato Grosso do Sul, já que a época é de estiagem e altas temperaturas.
Contudo, segundo o IHP, é a primeira vez que a região registra incêndio em 2025.
“E é bem preocupante porque é a primeira vez que temos registro de incêndios lá na região da Serra do Amolar, que tem uma rica biodiversidade”, destaca Rabello.
O presidente do IHP aponta que a possível causa do incêndio é a queda de um raio na região.
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Patrimônio da humanidade
A Serra do Amolar é considerada Patrimônio Natural da Humanidade e se destaca, sobretudo, por ser corredor natural para onças-pintadas, além de possuir espécies de flora intocadas.
O terreno e as paisagens da grande formação rochosa se diferem do restante do bioma pantaneiro é formada por 80 km de extensão de morros, que chegam a ter quase 1 mil de altitude. O território possui áreas com características de Mata Atlântica, do Pantanal e de Amazônia, o que resulta em uma rica biodiversidade.
Localizada em Corumbá (MS), só é possível chegar na Serra do Amolar através do rio Paraguai ou então por meio aéreo.
Entre as espécies encontradas no local e são ameaçadas pelo fogo estão cerca de 3,5 mil espécies de plantas; 325 espécies de peixes; 53 espécies de anfíbios; 98 espécies de répteis; 656 espécies de aves; e 159 tipos de mamíferos.
Além da biodiversidade, a região tem uma importância significativa para o ciclo de cheia no Pantanal.
“A Serra do Amolar, na planície de inundação, funciona como um funil que controla o fluxo das águas norte – sul, assim inundado as diversas baías e lagoas que se encontram na região acima. Caracterizando assim o chamado gargalo Paraguai”, explica o biólogo no Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Wener Hugo Moreno.
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